terça-feira, 6 de março de 2012

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres.
Porque a ausência, esta ausência assimilada, 
Ninguém rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade.

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